Mestre Pastinha

Vicente Joaquim Ferreira Pastinha nasceu em Salvador-Bahia, no dia 05 de abril de 1889. Filho de José Señor Pastinha, descendente de Espanhol, proprietário de um pequeno armazém, e de Raimunda dos Santos, uma negra nascida em Santo Amaro da Purificação, a qual teve pouco contato.


Aos oito anos de idade, pastinha travava lutas com um menino, sempre apanhava e levava a pior. Da janela de uma casa tinha um africano " Mestre Benedito " que ficava observando a luta entre os dois. Um dia, com dó de ver o menino apanhar tanto, decidiu ensinar-lhe a arte da Capoeira.
Aos doze anos, ingresou na escola de aprendizes da marinha onde ensinou capoeira aos colegas. 


Em 1910, pediu baixa e começou a ensinar capoeira para Raimundo Aberrê na rua de Santa Isabel, além de trabalhar no Diário da Bahia.


Em 1941, fundou o " Centro Esportivo de Capoeira Angola - CECA " no largo do Pelourinho, número 19. Lá treinaram personalidades com João Grande, João Pequeno, Gildo Alfinete, Albertino da Hora, Natividade, dentre outros grandes nomes da Capoeira. Além de turistas, apreciaram as rodas de Mestre Pastinha, Jorge Amado, Caribé, o filósofo Jean-Paul Sartre, e o ator Jean-paul Belmondo.
Em abril de 1966, foi à África, representar o Brasil no I Festival Mundial de Arte Negra, em Dakar (Senegal), recebendo várias homenagens dos participantes e promotores do festival.



Em 1971, quando já estava velho e cego, disseram-lhe que teriam de ser feitas algumas reformas no conjunto arquitetônico do Pelourinho e que ele teria que se mudar, mas assim que o prédio ficasse pronto poderia voltar normalmente a dar aulas na sua academia. Pastinha acreditou e saiu, na mudança perderam quase todos os móveis, quadros, fotografias e passou a receber uma quantia simbólica que mal garantia o seu sustento. Quase paralítico e muito doente, foi morar num quarto pequeno, úmido, sem janelas, situado na Rua Alfredo Brito, numero 14 -Pelourinho.
Finalmente, chegou o grande dia, o prédio ficou pronto e Pastinha retornaria ao seu lar, mas infelizmente, as coisas não foram bem assim. O prédio havia desapropriado pela prefeitura e doado ao Patrimônio da Fundação do Pelourinho, que vendeu ao SENAC.

Ao ficar sabendo de sua academia construíram um restaurante e que agora pertencia ao SENAC, o grande Mestre caiu em profunda depressão. Em fins de 1979, sofreu um derrame cerebral e após um ano de internação em hospital público, foi enviado para o abrigo D. Pedro II. Em 13 de Novembro de 1981, aos noventa e dois anos , morre cego, esquecido e na miséria um dos maiores nomes da história da Capoeira, Vicente Ferreira Pastinha - Mestre Pastinha.

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